“Ditabranda” da Folha de S. Paulo causa indignação

Em editorial publicado na última terça-feira (17), sobre a vitória do presidente venezuelano em referendo, a Folha de S. Paulo classificou o regime militar brasileiro — entre 1964 e 1985 — como uma “ditabranda”.

 

De acordo com o jornal, esses governos autoritários “partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça”.

 

O posicionamento do jornal foi duramente criticado pelo presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, que o considerou “lamentável”.

 

Em sua opinião, a Folha, num só parágrafo, alinha uma série de “equívocos de caráter político e histórico”.

 

“Ao dizer que é uma ‘ditabranda’, o jornal esquece, por certo, das mortes ocorridas durante a ditadura. Esquece dos milhares que tiveram seus direitos políticos cassados, que tiveram que se exilar, sem contar os torturados nas masmorras da ditadura. É lamentável que se proceda a uma revisão histórica dessa natureza. O que era negativo passa a ser positivo, dando absolvição àqueles que violaram os direitos constitucionais e cometeram crimes, como o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nos porões do Doi-Codi”, diz Azêdo.

 

O presidente da ABI lembra também que o direito ao habeas-corpus foi suspenso durante o regime militar.

 

“Dizer que houve acesso à Justiça é uma falsidade de caráter histórico que deveria causar vergonha à Folha de S. Paulo”, diz.

 

O jornalista Milton Coelho da Graça, preso quatro vezes durante o período militar, também tece duras críticas ao editorial da Folha. Ele afirma que a empresa foi “subserviente à ditadura”, principalmente com a Folha da Tarde.

 

“Os jornalistas fazem muito bem ao não ficarem lembrando o passado dos jornais que se entregaram ao regime. A Folha comete um erro ao reabrir um debate que a ela não é útil. É bom saber que o jornal chama a ditadura de ‘ditabranda’. Será que a Argentina também foi ‘ditabranda’? Qual o limite para passar de ditadura para ‘ditabranda’?”, questiona.

 

Em resposta a uma carta de leitor publicada nesta quinta-feira, a Folha explica que na “comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional”.

 

A informação é do Portal Comunique-se

Sobre Osvaldo Bertolino

Jornalista, natural de Maringá — Noroeste do Paraná.
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2 respostas para “Ditabranda” da Folha de S. Paulo causa indignação

  1. Pingback: Mídia x Ditadura em tempos de democracia « Jornalismo B

  2. Ana disse:

    Lamentável, a publicação da folha de São Paulo. A Chamada ” dita branda” para a folha, teve a intenção de ofender não sóa sociedade que sofreu coma mordaça, ahumilhação e a escravidão imposta pela ditadura, mas ofendeu a todas as mulheres em especial as vésperas de seu dia. Será que a folha considera brando o estupro de mulheres presas políticas, porque a primeira coisa que as mulheres eram obrigadas a fazer quando presas pelo regime militar era despir-se para serem violêntadas de todas formas.
    A afirmativa é nogenta repugnante e nos envergonha sobremaneira, de ter um meio de comunicação tão despreparado, imaturo, irresponsável e prinipalmente insensível .

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