Eu acho que vou chegar ao fim da minha vida e não vou deixar de me impressionar com o efeito social da mídia. Tampouco me conformar com a capacidade de tematizar, pautar a sociedade pelos assuntos que ela define como prioritários.
Assim, nos vemos diante de um espetáculo midiático que tem como tema a vida. Não, não! Tem como termo de referência a morte. O funeral de Michael Jackson: o grande e fantástico show da morte!
A agenda fúnebre se firmou na agenda pública e as televisões do mundo inteiro transmitirão esse espetáculo opulento. E ainda ouço gente falar em “ética jornalística”! A mesma ética que se vale do apelo popular do ídolo pop para convencer e comover a sociedade e vender – caro, muito caro – a contemplação funérea.
A terra do nunca – Neverland – e seu fantástico parque de diversões é o palco perfeito. Por mais apelo popular, capacidade de convencimento e comoção da sociedade diante da morte do artista, não é possível convivermos com a espetacularização da vida. Não, não! Da morte!
O poder do mkt transcende a vida.
O que esperar de um pai que antes de falar do filho que faleceu anuncia a nova gravadora?
Michael era órfão mesmo tendo pais.